segunda-feira, 29 de maio de 2023

A SEDE DO MUNICÍPIO - Emancipação Política

 

O município possui a zona rural e a zona urbana. Um mesmo município pode ter várias cidades, também chamadas de distritos, de forma que o nome do município será o mesmo da cidade principal ou distrito sede, e é nesse distrito que se encontra a administração ou prefeitura.
 
Os exploradores iniciaram o povoamento construindo casas, instalando fazendas e sítios, especialmente nas localidade de Siupé e Parazinho que, pela Lei nº 1.020 de 14 de novembro de 1862, era transformado em Distrito, condição que manteve por força do Ato Provincial de 6 de julho de 1863.

 Poucos anos eram decorridos da criação do Distrito e já o povoado se transformava em Vila, Sede do Município, com a denominação de Paracuru, pela Lei Provincial nº 1.235 de 27 de novembro de 1868.

 Acontece, porém, que os outros povoados foram se desenvolvendo economicamente e politicamente, travando-se acirrada disputa entre os mandatários de Paracuru e Trairí pela localização da Sede. Trairí venceu.
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 Enquanto isso, a povoação de São Gonçalo não passava de simples fazenda de criar com modesto arruado de casas de taipa e algumas famílias de gente humilde que cuidavam da exploração da agricultura e da criação de animais e aves para a sua manutenção e sobrevivência.

 Em 1891, chegou à localidade Manoel Martins de Oliveira, conhecido por "Neco Martins", ainda adolescente, porém de família rica, ali se estabeleceu juntamente com sua esposa Dona Filomena Martins.

 À mesma época, também chegava ao povoado o Capitão Procópio de Alcântara que buscava no clima saudável e fresco de São Gonçalo, melhoria para sua saúde.

 Em 1898, ajudado pelo Capitão José Procópio de Alcântara, Neco Martins edificou uma capela dedicada a São Gonçalo, santo de sua devoção. Iniciou-se, então, nova ase de vida na localidade. Dona Filomena Martins, professora dedicada, cuidou da educação de toda gente da terra e, ao lado do Coronel Neco, animou e incentivou o comércio com outras povoações e vilas próximas, muito contribuindo para o desenvolvimento cultural e social de São Gonçalo.


As famílias Martins e Alcântara cresceram e se tornaram proprietárias de grandes fazendas, intensificando-se, em função disso, o povoamento dos lugares próximos ao Núcleo de São Gonçalo.

A Sede de Município continuava, porém, na Vila de Paracuru.

Os fatos políticos se sucederam e o prestígio das famílias Alcântara e Martins era crescente. Porém, somente a 17 de agosto de 1921, através da Lei Estadual nº 1.841, São Gonçalo era elevado à categoria de Vila e Sede do Município com denominação de "São Gonçalo", em obediência à Lei Estadual nº 1.936 de 12 de novembro do mesmo ano.
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Novas forças políticas começam a surgir em São Gonçalo, a essa época já contando com o prestígio do Sr. Raimundo Nonato da Silva, conhecido como Coronel Doca Praíba, homem rico e honesto, próspero comerciante e político astuto que, ao lado de Neco Martins, Procópio de Alcântara e mais outras forças políticas jovens, conseguiu que a Sede voltasse a São Gonçalo, conforme estabeleciam as Leis nºs 1.841 e 1936 citadas.

Na reforma administrativa, levada a efeito no Quadro Territorial do Estado, em 1931, no Governo do Dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora, a Sede do Município foi reconduzida para a povoação de Paracuru, lá permanecendo até 1935, quando o Decreto nº 64, de 7 de agosto, mais uma vez fixou a Sede do Município em São Gonçalo.

No quadro anexo ao Decreto-Lei nº 169, de 31 de março de 1938, ficou estabelecida a dimensão territorial do Município, com os seguintes Distritos: São Gonçalo, Pecém, Paraipaba (antiga passagem do Tigre), Trairi, Serrote, Mundaú, Siupé e Umarituba, que foi desmembrado de Soure, hoje Caucaia, nos termos do Decreto-Lei nº 448, de 20 de dezembro do mesmo ano.

Levanta-se um movimento no sentido de mudar o topônimo "São Gonçalo" para Anacetaba, em homenagem à tribo dos "Anacés", índios que habitavam o território, no início das penetrações do homem branco, o que foi conseguido em face do Decreto-Lei nº 1.114 de 30 de dezembro de 1953, quando a Lei nº 1.153 deu ao Município a denominação de "São Gonçalo do Amarante" e concedeu emancipação política aos Distritos de Paracuru e Trairi, anexando o distrito de Paraipaba a Paracuru e Mundaú a Trairi.

A mudança do topônimo São Gonçalo para Anacetaba foi também em decorrência de Municípios com o mesmo nome.

FONTE: Livro Taba dos Anacés / Overlan G. Correia.